Balzaquianas

Marcel Proust (1871-1922)

“O mais divertido de tudo seria começar a ler Balzac (se vosso amigo ainda não o leu) ou ao menos todo um ciclo de Balzac, pois um romance não pode ser lido isoladamente, conseguimos dificilmente nos sair bem a menos que seja uma tetralogia e algumas vezes um decálogo.  Algumas histórias, realmente divinas, podem ser lidas isoladamente, esse grande pintor de afrescos tendo sido um miniaturista incomparável. Se vós quiserdes conselhos balzaquianos, eu vos escreverei mas seria uma carta inteira.”

Marcel Proust não se aborrece com as comparações com Honoré de Balzac.  Ele fica até lisonjeado: “Eu enrubesço diante dessa comparação esmagadora para mim.”

Possuído por seu projeto, Proust atribui ao autor de “A Comédia Humana” uma ambição análoga à sua: “[…] Balzac […] lançando sobre suas obras o olhar ao mesmo tempo de um estrangeiro e de um pai, […] bruscamente toma consciência ao projetar sobre eles uma iluminação retrospectiva que eles seriam mais belos reunidos em um ciclo onde os mesmos personagens retornariam e acrescenta à sua obra, nessa conexão, uma pincelada, a última e mais sublime.”