Balzaquianas

Oscar Wilde (1854 -1900)

“A leitura constante de Balzac reduz nossos amigos vivos a sombras e nossos conhecidos a fantasmas de sombras. Seus personagens possuem uma espécie de existência fervente, cor de chama. Eles nos dominam e desafiam o ceticismo. Uma das maiores tragédias da minha vida é a morte de Lucien de Rubempré. É uma mágoa da qual nunca pude me livrar completamente. Ela me ocorre nos meus momentos de prazer. Lembro-me dela quando rio… A literatura sempre antecipa a vida. Não a copia, porém molda-a segundo seus intentos. O século XIX, como o conhecemos, é em grande parte uma invenção de Balzac. Nossos Luciens de Rubempré, nossos Rastignacs e De Marsays fizeram sua primeira aparição nos palcos de A Comédia Humana. Estamos apenas pondo em prática, com notas de pé de página e acréscimos supérfluos, o capricho ou a fantasia ou a visão criadora de um grande romancista”.