Bronzeado e com pinta de surfista, Henri de Marsay (35s) é moreno, alto e tem cabelos lisos com mechas douradas de sol. Famoso house music DJ, remixer e produtor musical, sua agenda é disputada pelos nightclubs badalados e frequentados pela elite. Ciente de que hoje a imagem é essencial para qualquer artista, ele criou uma persona, um alter ego no qual ele vive sua fantasia sexy de playboy conquistador. Sua vida retratada no Instagram, que tem milhares de seguidores, é puro glamour – ele aparece exibindo seu físico esbelto e definido em hotéis de luxo, praias paradisíacas, embarcado em jatinhos, abraçado com celebridades e pilotando as carrapetas cercado por modelos lindíssimas semi-despidas a noite. Longe dos holofotes, ele é um homem de poucas palavras, fato que gera enorme curiosidade nas fãs que o assediam. As que já provaram da intimidade do misterioso Marsay aumentam a lenda e dizem que por trás da fachada impassível esconde-se um leão – além de ser muito bem dotado, na cama ele é de uma sutileza felina.
NA COMÉDIA HUMANA
Henri de Marsay é o famoso playboy de A Comédia Humana e passa o tempo desperdiçando dinheiro, o seu e o de suas amantes — entre elas, Delphine Goriot. Filho natural de Lord Dudley, ele se torna “de Marsay” quando seu pai casa sua mãe com o velho conde de Marsay. Além de ser o protagonista de A Menina dos Olhos de Ouro (La fille aux yeux d’or), ele aparece em inúmeras outras obras.
Negligenciado pelos pais biológicos, Henri é largado com uma tia solteirona que cuidou dele e contratou um padre para seu preceptor.
Henri de Marsay por Balzac (La fille aux yeux d’or):
“(…) Esse preceptor era por acaso um verdadeiro padre, um desses eclesiásticos moldados para tornarem-se cardeais na França ou em Bórgia, sob a tiara. Ensinou ao menino em três anos o que se teria ensinado em dez na escola. Depois, esse grande homem chamado padre de Maronis conclui a educação do seu aluno fazendo-lhe estudar todas as faces da civilização: alimentou-o com a sua experiência, levou-o pouco a igrejas, fechadas a essa época; passeou com o menino poucas vezes nos bastidores e muitas nas cortesãs; desmontou-lhe os sentimentos humanos peça por peça; ensinou a ele a política no coração dos salões, onde ela era preparada; numerou-lhe as máquinas do governo e tentou, por amizade a uma bela natureza abandonada, mas rica em esperança, substituir virilmente a mãe: afinal, a Igreja não é a mãe dos órfãos? O aluno respondeu bem a tantos cuidados. Esse homem digno, morreu bispo em 1812, com a satisfação de ter deixado sob o céu um menino cujo coração e o espírito estavam, aos dezesseis anos, tão bem formados que bateria um homem de quarenta. (…)
Lá pelo final de 1814, Henri de Marsay não tinha então sentimento de obrigação algum e achava-se tão livre quanto o pássaro sem companhia. Apesar de já ter 22 anos feitos, parecia ter no máximo dezessete. Geralmente, os seus maiores rivais o viam como o mais belo rapaz de Paris. Do seu pai, lord Dudley, herdara os olhos azuis amorosamente decepcionados; da sua mãe, os espessos cabelos negros; de ambos, um sangue puro, uma pele de menina, um ar aristocrático, belíssimas mãos. Para uma mulher, vê-lo significa enlouquecer por ele. (…) Henri possuía uma coragem de leão, uma agilidade de macaco. A uma distância de dez passos, cortava a bala com a lâmina de uma faca; montava o cavalo de modo a tornar real a fábula do centauro; conduzia com graça uma carruagem de rédeas longas; era ágil como o Querubim e tranquilo como um cordeiro. (…) Infelizmente, todas essas belas qualidade e esses bonitos defeitos eram manchados por um vício assustador: não acreditava nos homens, nem nas mulheres, nem em Deus, nem no diabo.”